Como a Logística 4.0 contribui para revolucionar as operações das empresas
Torna-se comum ouvir ou ler a respeito do tema da Logística 4.0 e todos os seus impactos nas operações das empresas e no dia-a-dia das pessoas. Antes de descrever a respeito do título deste artigo, é necessária uma breve revisão da história das Revoluções Industriais e seus impactos na Logística ao longo dos séculos.
A 1.a Revolução Industrial ou Indústria 1.0 teve início na Inglaterra no século XVIII e foi caracterizada pela troca da força humana pela força mecânica das máquinas a vapor que contribuíram para a expansão das indústrias devido a mecanização dos processos e pelos consequentes saltos de produtividade e da velocidade nos transportes devido a substituição do uso de tração animal e uso dos ventos.
Obviamente não existia o termo logística na época, mas imagine como o responsável pelas operações da empresa da época absorveu o abrupto aumento da velocidade exigida na sua cadeia de abastecimento e distribuição frente às novas tecnologias e demandas. Muito provavelmente exigiu uma revolução de pensamento quanto estratégia de operação, revisão ou criação de processos, redimensionamento de recursos (humanos e equipamentos), novas formas de armazenagem, revisão da política de estoques, novos leads time de entrega (tanto para fornecedores quanto para distribuição), comunicações mais rápidas entre outros fatores. O que levava meses, ou até mesmo anos, para ocorrer, a partir desse momento poderia ocorrer em dias.
E as empresas que melhor souberam aproveitar o uso das novas tecnologias e se adaptaram à Logística 1.0 prosperaram.
A 2.a Revolução Industrial ou Indústria 2.0 ocorreu em meados do século XIX e foi marcada pela expressiva especialização da mão de obra e eficiência operacional, onde o ritmo de fabricação era ditado pelas linhas de produção criadas por Henry Ford possibilitando multiplicar a capacidade produtiva e criando a produção em massa.
Novamente as operações das empresas tiveram que se adaptar às novas tecnologias, à nova velocidade das informações e novas demandas. Novas estratégias de operação foram exigidas, novos equipamentos, recursos humanos especializados contratados, novos processos desenvolvidos, novas instalações construídas para armazenar a quantidade de matéria-prima e produto acabado para suprir às novas demandas de produção e consumidores, lead time de entrega tornou-se mais curto, a distribuição mais ágil, etc. A partir desse momento, o tempo passa a ser contado em horas e a produtividade assume um novo e importante papel nas operações.
Com isso, a Logística 2.0 apresentou uma nova realidade às operações das empresas e exigiu rápida adaptação e inteligência no uso das novas tecnologias dos responsáveis pela área de operações das empresas.
A 3.a Revolução Industrial ou Indústria 3.0 aconteceu em meados do século XX, marcando um importante momento histórico de transformação do analógico para digital, permitindo um avanço significativo em diversas áreas como ciência, eletrônica, robótica, surgimento dos computadores pessoais e da informática, criação da internet, de softwares, de dispositivos móveis, a criação de novos modelos de negócios, produtos e profissões, como também trouxe a extinção de negócios, produtos e profissões.
As empresas e consequentemente a logística também é impactada com essa revolução tecnológica com o uso massivo de softwares (como ERP, WMS, TMS, CRM entre outros), equipamentos de movimentação tornam-se digitais, mais precisos e econômicos; coletores e leitores de dados aumentam a velocidade das informações operacionais e permitem acompanhar on line e de qualquer local a execução das atividades, clientes exigem rastrear seus pedidos e entregas mais rápidas, entre outros eventos.
Um novo perfil profissional é exigido em quase todas as posições na área de operações, principalmente para as funções mais operacionais e que tenha facilidade no uso das novas tecnologias e equipamentos.
Os antigos armazéns tornam-se Centros de Distribuição e assumem um novo e importante papel na cadeia logística das empresas com a agregação de valor em produtos e serviços, exigindo altos índices de produtividade com forte uso de mecanização nos processos e movimentação de produtos. Os erros devem ser mínimos ou inexistentes. E o tempo…que tempo? A partir desse momento tudo tornou-se on-line!!!!
Assim como o novo mundo digital revolucionou a sociedade, a Logística 3.0 contribuiu para revolucionar as operações das empresas transformando processos analógicos em digitais e permitiu um novo salto de produtividade e qualidade.
A 4.a Revolução Industrial ou Indústria 4.0 é um termo moderno do século XXI que teve seu início na Alemanha e deixou de ser uma tendência para torna-se uma realidade cada vez mais presente no dia-a-dia das pessoas e empresas. Trata-se da automação total das atividades operacionais por meio de uso de robôs e sistemas computacionais de inteligência artificial.
Hoje é possível encontrar robôs e outros modernos equipamentos realizando diversos tipos de atividades em diversos segmentos de negócios como o agronegócio e o e-commerce.
O conceito de Logística 4.0 consiste no uso cada vez mais intensivo dessa nova tecnologia para movimentação de produtos em fábricas e Centros de Distribuição (veja em https://www.youtube.com/watch?v=3UxZDJ1HiPE ) , atividades de separação (veja em https://www.youtube.com/watch?v=g_-V31UL4Ww ou https://www.youtube.com/watch?v=iyVDMp2bL9c ) assim como o uso da tecnologia de realidade aumentada (https://www.youtube.com/watch?v=IXwvJ2Nn2DI ou https://www.youtube.com/watch?v=I8vYrAUb0BQ ). Também populariza-se o uso de sistemas AS/RS para armazenagem (veja em http://www.revistamundologistica.com.br/portal/noticia.jsp?id=2524 ), dispensadores automáticos, sorters, voice picking, entregas realizadas por drones ou carros autônomos entre outras tecnologias que utilizadas em conjunto com aplicativos e softwares para internet permitem um acompanhamento e tomadas de decisões cada vez mais rápidas e assertivas reduzindo prazos, espaço e principalmente custos ao mesmo tempo que permite um novo salto de produtividade para suprir os novos patamares de demanda dos clientes.
Até pouco tempo atrás permitia-se:
- Excessos de estoques para compensar erros de operação e atrasos de fornecedores;
- Obsolescência de inventário por falta de giro e substituições de produtos eram comuns;
- Erros de separação, carregamento e entregas eram aceitos;
- Falta de indicadores de performance e rastreabilidade era tolerável;
- Controlar temperaturas e umidade de produtos específicos era um desafio;
- Diminuir o Lead time era um bônus;
- Centros de distribuição desconectados e obsoletos eram comuns;
- Concorrência baixa e sem know-how era a regra.
Com a Logística 4.0 a realidade hoje é:
- Estoques devem ser enxutos, com alto sortimento e giro;
- Lead time curto é imperativo;
- Alta conectividade entre fornecedores, operações e clientes é imprescindível;
- Informações em tempo real e ao alcance de um clique são cada vez mais exigidos;
- Sistemas de monitoramento dos processos e operações virtuais obrigatórios;
- Centros de distribuição cada vez mais inteligentes, conectados e com atividades que agreguem valor a produtos e serviços;
- Alta eficiência operacional como estratégia no aumento dos lucros;
- Gerenciamento e gestão de armazém com sistemas via cloud é indispensável;
- Alta concorrência com cada vez maior know how é a nova realidade.
Em um mundo 4.0, é obrigatória uma logística conectada (com fornecedores e clientes), rápida, eficiente, informativa, com dados acessíveis, capaz de oferecer entregas mais rápida, sem erros, defeitos ou avarias e principalmente oferecer uma experiência agradável aos seus clientes permitindo o aumento da lucratividade das empresas.
Nesses novos tempos a famosa pergunta: “Quanto custa a implantação dessa nova tecnologia?” perdeu o seu sentido.
E uma nova maneira de pensar faz-se necessária: Como viabilizar o uso dessas novas tecnologias na logística da minha empresa?